Investimentos

Agronegócio é destaque na B3 em 2022

Os produtos ligados ao agronegócio registraram um salto no que diz respeito ao número de investidores e volume aplicado em 2022. Dados da B3 mostram um crescimento de 95% e 79%, respectivamente, atingindo 1,6 milhão de investidores e R$ 411 bilhões em recursos distribuídos em LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e Fiagro (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais).

Com esse cenário, o volume sob custódia já representa 19,5% do total investido em renda fixa (R$ 1,6 trilhão) e variável (R$ 459 bilhões) somados. É importante lembrar que, no fim de 2021, a participação registrada foi de 14%. O saldo mediano no setor, por investidor, foi de R$ 51,7 mil.

Para se ter uma ideia, os Fiagros, que começaram a ser negociados na B3 somente em agosto de 2021, com o objetivo de ampliar a oferta de produtos relacionados ao agronegócio, já contavam, em dezembro, com mais de R$ 5,2 bilhões em estoque, considerando os 33 fundos negociados. Na prática, os Fiagros funcionam de forma muito semelhante aos fundos imobiliários, mas com o foco no desenvolvimento da atividade agrícola nacional, e as cotas são negociadas a valores acessíveis, a partir de cerca de R$ 100.

Imóveis

O setor imobiliário, que já alcançou mais de 3,2 milhões de investidores, registrou um volume aplicado de R$ 380 bilhões, total que representa um aumento de 46% quando comparado ao final de 2021. Os fundos imobiliários compreendem 51% e somam também ETFs (Exchange Traded Funds) de FII, LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários).

Os FIIs aplicam o dinheiro dos cotistas em empreendimentos como imóveis ou em títulos de renda fixa lastreados em imóveis, como CRI e LCI. Ao adquirir cotas de um FII, por exemplo, o investidor passa a ser dono de uma fração do fundo que, por sua vez, detém imóveis (ou ativos com lastro imobiliário). Os imóveis adquiridos são alugados pelo fundo e o resultado financeiro é repartido entre todos os cotistas, com o pagamento de dividendos.

“Essa visão setorial é importante para mostrar que investimentos de pequenos investidores estão ajudando de forma significativa a impulsionar determinados segmentos da nossa economia. A lógica do mercado de capitais é justamente essa, trazer o capital privado para o setor produtivo, e vemos isso ganhando cada vez mais força no Brasil, dando chance para as pessoas físicas integrarem esse ciclo”, afirma o diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoa Física da B3, Felipe Paiva.

Essa visão setorial é uma novidade da edição do estudo que analisa a evolução dos investidores pessoas físicas na B3, divulgado nesta quarta-feira (15).

Confira outros destaques do estudo:

Renda fixa bate R$ 1,6 trilhão

O valor sob custódia de pessoas físicas em renda fixa na B3 atingiu R$ 1,6 trilhão no final de 2022, um total 44% superior ao registrado há um ano. O estudo também mostra um aumento de 34% no número de investidores, somando 14,8 milhões. Desse total, 13,8 milhões estão em produtos de captação bancária, como CDB (Certificado de Depósito Bancário), RDB (Recibo de Depósito Bancário), LCA e LCI, que somam R$ 1,3 trilhão em investimentos.

Cinco milhões de investidores pessoa física

Em 2022, o número de investidores pessoa física que aplicam em renda variável chegou a cinco milhões, cerca de 19% a mais do que em 2021. Porém o valor sob custódia, que é o valor dos investimentos das pessoas físicas na bolsa, caiu 8%, passando de R$ 500 bilhões para R$ 459 bilhões.

Ações, fundos imobiliários, ETFs e BDRs registraram aumento de investidores, mas apenas os fundos imobiliários cresceram também em valor sob custódia (+11%). Os demais produtos registraram queda de volume aplicado em relação a 2021. O número de contas alcançou 5,8 milhões em dezembro, já que um único investidor pode ter conta em mais de uma corretora.

Apesar de um quadro de alta taxa de juros, foi registrado um saldo positivo de mais de 408 mil novos investidores em dezembro, também considerando aqueles que ingressaram por meio de uma oferta de BDRs realizada em novembro de 2021 com grande adesão de pessoas físicas. Dos mais de cinco milhões de investidores na bolsa hoje, 84% entraram a partir de 2019 e mais da metade (53%) entrou nos últimos dois anos.

Acesso à bolsa é para todos

No que diz respeito aos valores aplicados, no entanto, os investidores que entraram a partir de 2019 possuem 27% do volume sob custódia. O volume maior está nas mãos de investidores que ingressaram na renda variável até 2015 e mantêm seu investimento até hoje, beneficiando-se do efeito do longo prazo.

Dos 408 mil investidores que fizeram o primeiro aporte em dezembro de 2022, 92% aplicaram até R$ 200. “Os números ratificam e reforçam que a bolsa e o mercado de capitais são para todos e que as pessoas estão buscando experimentar e diversificar seu patrimônio”, analisa Paiva.

A diversificação pode ser constatada quando se observa a composição das carteiras das pessoas físicas. Em 2016, 75% dos investidores de renda variável tinham apenas ações, parcela que hoje é de 30%. Os que combinam ações e FIIs representam 16%, e quem possui ações e BDRs representa 6%.

Região Norte se destaca 

Segundo os resultados do estudo da B3, a região Norte do país é a que mais cresce, em termos percentuais, em número de investidores de renda variável e do Tesouro Direto desde 2018. O aumento chegou a 1.363% e 253%, respectivamente. Em números absolutos, no entanto, essa é a região com menos investidores. A região Nordeste ficou em segundo lugar, entre as que mais cresceram, seguida pela região Sul. A região Sudeste segue concentrando o maior número de investidores, com 2,8 milhões em produtos de bolsa e 1,3 milhão no Tesouro Direto.

Tesouro Direto no foco do investidor

Os títulos do Tesouro Direto passaram de 100 mil para 2,1 milhões de investidores nos últimos 10 anos. No ano passado, o saldo médio aplicado por cada pessoa passou de R$ 2,1 mil para R$ 2,8 mil e dois títulos concentram a maior parte do saldo em custódia: o Tesouro IPCA +, com 39% do total, é seguido de perto pelo Tesouro Selic, com 35%.

O programa do Tesouro Nacional, que possibilita a venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, foi lançado em 2002, em parceria com a B3.