Dólar

Dólar: o que influencia na cotação da moeda norte-americana

A professora de Economia e coordenadora do Núcleo de Estudos da Conjuntura Econômica da FECAP, Nadja Heiderich, explica alguns fatores para determinar a variação e a cotação da moeda norte-americana. Confira:

O que influi no valor do dólar? 

Inicialmente, é preciso entender o que faz o preço do dólar aumentar ou diminuir: o valor é expresso por meio da taxa de câmbio, que nada mais é do que a taxa de troca entre duas moedas diferentes. “Nós usamos o dólar como principal moeda para transações com o exterior. O mercado cambial é um mercado como outro qualquer, em que há oferta e demanda. Pela união entre oferta e demanda é determinado o valor dessa moeda, que é expresso pela taxa de câmbio”, explica Nadja. 

A oferta da moeda estrangeira é feita pelas instituições que trazem o dinheiro para o País, como investidores, turistas ou os exportadores brasileiros que venderam para o exterior e recebem em dólar, ou seja, os agentes que têm recebimentos no exterior e trazem a moeda para cá. “Eles chegam no Brasil e precisam trocar essa moeda estrangeira. Quem demanda dólar são todas as pessoas que têm obrigações no exterior e precisam trocar reais por dólar para tirar o recurso daqui, uma pessoa que precisa pagar um empréstimo, o importador que precisa pagar em moeda estrangeira ou o investidor que vai tirar recursos do País”. 

É pelo movimento entre oferta e demanda que se determina o valor da moeda. Quanto mais pessoas precisam de moeda estrangeira ou os investidores retiram dinheiro do país, motivados por informação sobre medidas econômicas ou crises, a taxa de câmbio sobe. Por outro lado, se há fluxo mais constante de entrada de dólar no País, a taxa de câmbio baixa. 

Como o dólar afeta a economia?  

O valor da moeda norte-americana tem impacto diretamente sobre produtos importados. O dólar também aumenta o custo de serviços e da produção de empresas que dependem de insumos importados, afetando toda a cadeia econômica.

Por outro lado, exportadores se beneficiam da taxa de câmbio ao vender seus produtos lá fora. No momento da conversão em reais, recebem mais pela produção. O produto nacional fica mais barato e competitivo lá fora, beneficiando certos setores exportadores aqui dentro. 

Já o brasileiro comum sente no bolso, por conta de produtos importados que ficam mais caros. Itens importados pelo Brasil, como a gasolina, também afetam vários preços levando a repiques da inflação, dependendo do quanto esses itens representam no consumo dos brasileiros. 

Como o governo atua para segurar uma grande alta do dólar? 

Quando há um movimento de brusca elevação, o Banco Central age por meio de swaps cambiais, ou seja, vendendo a moeda estrangeira para tentar conter a elevação dos preços. “O regime cambial brasileiro é de flutuação suja, em que a taxa de câmbio é definida pelo mercado, mas o Banco Central interfere para evitar valorização ou desvalorização excessiva da moeda. Mas é claro que ele precisa fazer isso com cautela, porque, se sinalizar ao mercado que em qualquer elevação ele vai injetar dólar, os especuladores podem articular um movimento chamado ‘ataque especulativo’ para fazer com que o BC queime as reservas internacionais. Não é sempre que o BC entra no circuito, mas busca fazer isso em momentos críticos”, finaliza a professora Nadja.