Cartão de Crédito

Saiba o que fazer se clonarem seu cartão de crédito ou débito

Um estudo realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e o Sebrae revela que o principal golpe que envolveu instituições financeiras, em 2022, foi a clonagem de cartão de crédito. 

A principal característica desse tipo de crime é a cópia de dados do cartão de crédito ou débito de uma pessoa, seja no momento da compra física, ou em compras realizadas de forma on-line. “Geralmente, as pessoas descobrem que caíram no golpe quando vêem na fatura cobranças referentes a compras que não fizeram. Outras só ficam sabendo quando o banco bloqueia o cartão ao identificar uma atividade suspeita. Na maioria dos casos, só é possível descobrir que foi vítima depois que já realizaram ou tentaram realizar uma compra. Antes disso é quase impossível”, relata a sócia do escritório Berardini Sociedade de Advogados, Luciana Roberto di Berardini.

No caso da clonagem do cartão na forma física, normalmente, os estelionatários recrutam um cúmplice – um funcionário do estabelecimento comercial, por exemplo – que recebe um skimmer, ou seja, uma máquina compacta, usada para capturar os dados do cartão. “A partir daí, esse parceiro dos criminosos passa o cartão pelo dispositivo que vai clonar as informações antes de utilizar a popular maquininha para pagamento. Dessa forma, o cliente não percebe a fraude”, explica Luciana. Num segundo passo, os criminosos transferem as informações para um cartão falsificado, que passa a ser usado como legítimo.

Já no caso da clonagem feita em compras realizadas pela internet, o jeito é estar atento aos sites que visita, principalmente aqueles em que é preciso preencher os detalhes do cartão na hora da compra. “Na dúvida sobre a segurança do site, não envie suas informações”, alerta a especialista em direito do consumidor.

O que fazer ao perceber que seu cartão foi clonado?

Apesar de ser um delito muito conhecido, muitos consumidores ainda não sabem o que fazer caso seja vítima de uma clonagem de seu cartão. A advogada, que atende, no mínimo, cinco casos dessa natureza por mês, explica que “imediatamente deve-se contatar o banco em questão e solicitar o bloqueio do cartão, citando todas as transações que foram feitas pelos golpistas e requerendo o estorno dos valores”. Segundo a especialista, o consumidor tem direito ao estorno de todos os débitos realizados no cartão indevidamente e, caso pague esses débitos, deverá receber de volta os valores pagos.

Luciana também alerta sobre o caso do banco se negar a realizar o estorno dos débitos. “Neste tipo de situação é recomendado que o consumidor pague, se puder, e depois peça na Justiça o valor cobrado, pois o Brasil é um país com judiciário muito incerto, e caso perca a ação, a pessoa terá de pagar todos os débitos indevidos com juros e multa”, detalha a especialista.

Outra informação importante: é imprescindível que a vítima faça um boletim de ocorrência. Hoje em dia, é possível efetuar esse registro de forma eletrônica, pela internet, em todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal. “É um documento importante e que pode ajudar em um eventual processo judicial ou até mesmo em investigações que apuram as clonagens”, ressalta a advogada.

Como se prevenir

Mesmo sendo um golpe extremamente elaborado e instantâneamente imperceptível ao consumidor, é possível se prevenir com algumas ações. “Peça ao seu banco cartões com Microchips EMV em vez de tarjas magnéticas. Eles contêm valores de CVV mais avançados e não podem ser copiados”, afirma Luciana. A advogada explica que outra forma de se prevenir é escolher bancos que utilizam Inteligência Artificial (IA) para definir o perfil de clientes, pois “usando IA e algoritmos avançados, os operadores de pagamento e emissores de cartões obtêm informações valiosas sobre o que seria considerado um comportamento usual para cada titular do cartão, sinalizando quaisquer movimentos suspeitos”, aconselha.

Também é possível usar algumas ferramentas que a instituição financeira responsável pelo cartão oferece aos clientes e evitar certos comportamentos de risco. Confira algumas dicas:

  • Para compras na internet, procure usar um cartão virtual: grande parte dos bancos já conta com esse serviço hoje em dia;
  • Acompanhe sua fatura pelos aplicativos ou sites do banco: se perceber qualquer movimentação fora do comum, entre em contato e conteste a compra;
  • No caso de compras físicas, não permita que atendentes levem seu cartão para longe de você: nesse momento é possível fotografar e copiar dados como validade e código de segurança;
  • Caso um site peça sua senha, desconfie. Ela não é necessária para compras na internet;
  • Não compartilhe informações como fotos ou dados do cartão por aplicativos de mensagem, mesmo que a outra pessoa seja conhecida. Nunca se sabe quando os dispositivos dela podem estar sendo acessados por golpistas.