A B3 S.A. (B3SA3) divulgou que no quarto trimestre de 2022 a receita total do trimestre atingiu R$ 2,6 bilhões, uma alta de 5,6% em relação ao mesmo período de 2021, e alta de 2,3% em comparação com o terceiro trimestre de 2022. O lucro líquido recorrente foi de R$ 1,2 bilhão, em linha com o terceiro trimestre, e com recuo de 6,3% em comparação ao mesmo período de 2021.
O último trimestre de 2022 teve uma leve melhora na perspectiva econômica global, resultado do início da queda da inflação em países desenvolvidos, demonstrando a efetividade das políticas contracionistas adotadas pelas principais autoridades monetárias globais. No Brasil, o período foi marcado pelas eleições presidenciais, que impactaram de forma significativa a atividade do mercado de capitais ao longo do trimestre. Já em relação à política monetária, as expectativas se confirmaram: o Banco Central manteve a taxa de juros em 13,75%, justificando a medida em razão da deterioração das projeções de inflação, da preocupação em manter o indicador dentro da meta e das incertezas em relação ao cenário fiscal.
“Ao longo dos meses de outubro e novembro, o volume financeiro negociado no segmento de ações foi impactado de forma positiva pelas eleições. Mas, em dezembro, a atividade do mercado foi negativamente influenciada pelo campeonato mundial de futebol, já que as negociações diminuíram em dias de jogos do Brasil. O volume financeiro médio diário negociado de ações totalizou R$ 32,3 bilhões no trimestre, o que representa um crescimento de 2,4% em relação ao mesmo trimestre de 2021, mesmo com uma taxa de juros mais elevada. Se comparado ao terceiro trimestre de 2022, a alta foi de 23,4%”, explica o diretor-executivo Financeiro, Administrativo e de Relações com Investidores, André Veiga Milanez.
O resultado do segmento de balcão e os volumes resilientes de listados, além do crescimento em tecnologia, dados e serviços, contribuíram para que as receitas da companhia somassem R$ 2,6 bilhões no trimestre. Já as distribuições aos acionistas no período totalizaram R$ 1,3 bilhão, sendo R$ 749 milhões em recompras de ações, R$ 370 milhões em juros sobre capital próprio (JCP) e R$ 140 milhões em dividendos.
Em eventos subsequentes ao quarto trimestre, a B3 anunciou em janeiro o início das negociações do Tesouro Renda+, produto lançado em parceira com a Secretaria do Tesouro Nacional, em linha com a estratégia de fortalecer o core business no segmento de balcão e contribuindo na disseminação da educação financeira entre a população. Em fevereiro, a B3 concluiu a aquisição da Datastock, empresa de tecnologia especializada em gestão de estoque de lojas de veículos. A aquisição tem valor previsto de até R$ 80 milhões e é mais um movimento da B3 no fortalecimento dos segmentos de infraestrutura para financiamento e dados & analytics.
Receita do segmento Listados na B3
O segmento de listados gerou uma receita de R$ 1,6 bilhão (63,9% do total) no quarto trimestre, o que significa uma queda de 0,2% em relação ao mesmo período de 2021. Foi registrado aumento de 2,4% no volume financeiro médio negociado (ADTV) de ações à vista, refletindo um cenário de maior volatilidade devido ao período eleitoral. O volume negociado dos contratos futuros de índices caiu 17,7%, devido à queda na negociação da versão mini desses contratos.
O número médio de contas na depositária de renda variável cresceu 27,0%, reflexo da contínua busca dos investidores individuais por maior diversificação em seus portfólios. E o volume de posições em aberto de operações de empréstimo de títulos registrou um aumento de 24,5%.
Receita do segmento Balcão
O segmento de Balcão teve receita de R$ 347,7 milhões (13,5% do total), um aumento de 15,8%. O volume de novas emissões e o estoque médio de instrumentos de captação bancária registrados no último trimestre cresceram 16,6% e 22,7%, respectivamente, em função da alta das emissões de CDB, que representaram 77,5% das novas emissões durante o trimestre.
No que diz respeito aos demais produtos de renda fixa, foram registrados um crescimento de 19,6% em emissões, influenciado pelo aumento de 33,5% nas emissões de instrumentos do mercado imobiliário, e de 12,4% nas emissões de instrumentos do agronegócio. O estoque médio de instrumentos de dívida corporativa aumentou 23,1%. Outro destaque foi a contínua expansão do Tesouro Direto, cujo número de investidores e o estoque médio cresceram 20,6% e 33,2%, respectivamente.
Receita do segmento Infraestrutura para Financiamento
O segmento de Infraestrutura para Financiamento obteve receita de R$ 111 milhões (4,3% do total), o que representa queda de 2,7% em relação ao quarto trimestre de 2021. O número de veículos vendidos no Brasil aumentou 1,3% no trimestre, como consequência da melhora na oferta de modelos zero quilômetro, que atendeu principalmente a maior demanda de locadoras. Em contrapartida, o nível mais elevado dos juros impactou negativamente as vendas no varejo e o número de veículos financiados, pressionando as inclusões no Sistema Nacional de Gravames (SNG), operado pela B3, registrou queda de 3,6% no período.
Receita do segmento tecnologia, dados e serviços
O segmento de tecnologia, dados e serviços teve receita de R$ 468,3 milhões (18,2% do total), representando alta de 26% em relação ao quarto trimestre de 2021. A quantidade média de clientes do serviço de utilização mensal dos sistemas de Balcão aumentou 12,6% graças ao crescimento da indústria de fundos no Brasil. Também foi registrada uma alta de 5,9% no número de clientes que utilizam os serviços de co-location, devido a contratação de racks de alta densidade energética e cross-connections com o objetivo de expandir a capacidade do serviço.
Resultado consolidado de 2022
O ano de 2022 foi desafiador para os mercados financeiros e de capitais em todo o mundo. O cenário político-econômico externo, com conflito na Ucrânia, pressão inflacionária e aumento dos juros nas principais economias mundiais, aliado à política contracionista do Banco Central brasileiro, impactaram o segmento de listados. Apesar da retração em relação a 2021, ano em que a B3 exibiu volumes recordes, o desempenho operacional de 2022 ficou acima dos patamares pré-pandemia.
O desempenho da companhia ao longo do ano reforça a eficiência da estratégia adotada de maior diversificação de negócios e de receitas, com exposição em diferentes segmentos de atuação. No mercado de ações à vista, o volume financeiro médio diário (ADTV) totalizou R$ 29,6 bilhões e, no segmento de derivativos listados, o número médio de contratos negociados diariamente (ADV) totalizou 4,5 milhões de contratos – quedas de 11% e 3% em relação a 2021, respectivamente. Por outro lado, o aumento nas taxas de juros beneficiou o segmento de balcão, principalmente nos serviços prestados para o mercado de renda fixa. Houve aumento de 19% no volume de emissões de instrumentos de captação bancária, 25% no estoque de dívida corporativa e 26% no número de investidores no Tesouro Direto.
A receita bruta consolidada foi de R$ 10,1 bilhões, uma redução de 1,7% em relação a 2021, com a desaceleração da receita no segmento de listados compensada pelo crescimento nas receitas de Balcão e de Tecnologia, dados e serviços. As despesas foram influenciadas pela aceleração de projetos de crescimento, que refletem contabilmente em maiores despesas e menores investimentos, além do aumento da taxa de inflação, com impacto significativo nas despesas com pessoal. Com isso, o EBITDA recorrente apresentou queda de 8%, totalizando R$ 6,7 bilhões, com margem de 73,6%.
A distribuição de resultados aos acionistas referente ao ano totalizou R$ 5,3 bilhões, incluindo dividendos, JCP e recompra de ações, com participação significativa da recompra de ações – a execução do programa de 2022 totalizou a aquisição de cerca de 4% do capital social da companhia.