O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começa hoje (20), em Brasília, a sexta reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic, e pode manter o aperto monetário com mais um aumento na taxa, mas em menor nível do que nos últimos encontros, quando foi elevada em 0,5 ponto. Amanhã (21), ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão.
Em comunicado após a última reunião, em agosto, o órgão informou que elevaria a taxa em 0,25 ponto nesse encontro de setembro, diante dos riscos de que a inflação fique acima da meta em prazos mais longos. A alta de juros dos bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa também pode forçar o BC a um novo aumento.
Entretanto, o colegiado está dividido entre uma elevação para 14% ao ano, ou a manutenção da taxa básica em 13,75% ao ano, como espera o mercado financeiro. De acordo com o boletim Focus, a expectativa é que a Selic termine o ano nesse patamar. Além da reunião desta terça e quarta-feira, o Copom tem mais dois encontros em 2022, em outubro e dezembro.
A queda da inflação nos últimos dois meses também reforçou a previsão das instituições financeiras pela manutenção da Selic. Em julho, houve deflação de 0,68% e, em agosto, de 0,36%. Com esse último resultado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA – a inflação oficial do país) acumula alta de 4,39% no ano e de 8,73% em 12 meses.
Taxa Selic
A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.
A taxa Selic refere-se à taxa de juros apurada nas operações de empréstimos de um dia entre as instituições financeiras que utilizam títulos públicos federais como garantia. O BC opera no mercado de títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a meta da Selic definida na reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom).
Confira o histórico da taxa de juros:
Data da reunião do Copom | Período de vigência | Meta da Selic % a.a. |
21/09/2022 | 22/09/2022 – atual | 13,75 |
03/08/2022 | 04/08/2022 – 21/09/2022 | 13,75 |
15/06/2022 | 17/06/2022 – 03/08/2022 | 13,25 |
04/05/2022 | 05/05/2022 – 16/06/2022 | 12,75 |
16/03/2022 | 17/03/2022 – 04/05/2022 | 11,75 |
02/02/2022 | 03/02/2022 – 16/03/2022 | 10,75 |
08/12/2021 | 09/12/2021 – 02/02/2022 | 9,25 |
27/10/2021 | 28/10/2021 – 08/12/2021 | 7,75 |
22/09/2021 | 23/09/2021 – 27/10/2021 | 6,25 |
04/08/2021 | 05/08/2021 – 22/09/2021 | 5,25 |
16/06/2021 | 17/06/2021 – 04/08/2021 | 4,25 |
05/05/2021 | 06/05/2021 – 16/06/2021 | 3,50 |
17/03/2021 | 18/03/2021 – 05/05/2021 | 2,75 |
20/01/2021 | 21/01/2021 – 17/03/2021 | 2,00 |
09/12/2020 | 10/12/2020 – 20/01/2021 | 2,00 |
28/10/2020 | 29/10/2020 – 09/12/2020 | 2,00 |
16/09/2020 | 17/09/2020 – 28/10/2020 | 2,00 |
05/08/2020 | 06/08/2020 – 16/09/2020 | 2,00 |
17/06/2020 | 18/06/2020 – 05/08/2020 | 2,25 |
06/05/2020 | 07/05/2020 – 17/06/2020 | 3,00 |
18/03/2020 | 19/03/2020 – 06/05/2020 | 3,75 |
05/02/2020 | 06/02/2020 – 18/03/2020 | 4,25 |
11/12/2019 | 12/12/2019 – 05/02/2020 | 4,50 |
30/10/2019 | 31/10/2019 – 11/12/2019 | 5,00 |
18/09/2019 | 19/09/2019 – 30/10/2019 | 5,50 |
31/07/2019 | 01/08/2019 – 18/09/2019 | 6,00 |
19/06/2019 | 21/06/2019 – 31/07/2019 | 6,50 |
08/05/2019 | 09/05/2019 – 20/06/2019 | 6,50 |
20/03/2019 | 21/03/2019 – 08/05/2019 | 6,50 |
06/02/2019 | 07/02/2019 – 20/03/2019 | 6,50 |
12/12/2018 | 13/12/2018 – 06/02/2019 | 6,20 |
31/10/2018 | 01/11/2018 – 12/12/2018 | 6,50 |
19/09/2018 | 20/09/2018 – 31/10/2018 | 6,50 |
01/08/2018 | 02/08/2018 – 19/09/2018 | 6,50 |
20/06/2018 | 21/06/2018 – 01/08/2018 | 6,50 |
16/05/2018 | 17/05/2018 – 20/06/2018 | 6,50 |
21/03/2018 | 22/03/2018 – 16/05/2018 | 6,50 |
07/02/2018 | 08/02/2018 – 21/03/2018 | 6,75 |
06/12/2017 | 07/12/2017 – 07/02/2018 | 7,00 |
25/10/2017 | 26/10/2017 – 06/12/2017 | 7,50 |
06/09/2017 | 08/09/2017 – 25/10/2017 | 8,25 |
26/07/2017 | 27/07/2017 – 06/09/2017 | 9,25 |
31/05/2017 | 01/06/2017 – 26/07/2017 | 10,25 |
12/04/2017 | 13/04/2017 – 31/05/2017 | 11,25 |
22/02/2017 | 23/02/2017 – 12/04/2017 | 12,25 |
11/01/2017 | 12/01/2017 – 22/02/2017 | 13,00 |
Origem do nome “Selic”
O nome da taxa Selic vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. Tal sistema é uma infraestrutura do mercado financeiro administrada pelo BC. Nele são transacionados títulos públicos federais. A taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados nesse sistema corresponde à taxa Selic.
Como a Taxa Selic é definida?
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Como a taxa Selic afeta a sua vida?
A Selic é um indicador importante e afeta a vida das pessoas em diferentes maneiras. Em momentos de alta da taxa, os juros tendem a ser maiores, o que tende a reduzir os pedidos de crédito no país. O oposto também acontece: com a Selic mais baixa, o custo para pedir crédito também diminui e mais pessoas começam a fazer pedidos no mercado.
E para quem investe, alguns tipos de investimento estão atrelados à Selic, ou seja, rendem mais quando o indicador está mais alto. Em agosto de 2020, a taxa atingiu o seu menor nível histórico (2,0% ao ano). Desde então, muitos investidores começaram a rever sua estratégia para buscar opções que oferecessem melhores resultados.
A Taxa Selic também influencia na inflação. Geralmente, quanto maior for a Selic, menor tende a ser o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), considerada o índice que mede a inflação oficial do país.
Meta de inflação
Para 2022, a meta de inflação que deveria ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2% e o superior é 5%. Para 2023 e 2024, as metas são 3,25% e 3%, respectivamente, com o mesmo intervalo de tolerância.
No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de junho pelo Banco Central, a autoridade monetária admitiu, oficialmente, o estouro da meta de inflação em 2022. No documento, a estimativa é que o IPCA atingirá 8,8% em 2022. O próximo relatório, já com a contabilização das últimas deflações, será divulgado na semana que vem, dia 29.
A projeção do mercado é de uma inflação fechando o ano em 6%, de acordo com o boletim Focus de ontem (19). Há 12 semanas consecutivas as instituições financeiras vêm reduzindo a previsão.
(Redação – Investimentos e Notícias)