Economia

Começa hoje (02) a terceira reunião do Copom para definir a Taxa Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começou hoje (02/05), a terceira reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. O órgão deve manter o aperto monetário com a Selic em 13,75% ao ano, mesmo com as pressões do governo federal para redução da taxa.

Membros da equipe econômica e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam que os juros altos atrapalham as concessões de crédito e os investimentos e que não existe nenhuma justificativa para que a Selic esteja, neste momento, nesse patamar. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem defendendo maior coordenação entre as políticas fiscal (que cuida da arrecadação e dos gastos públicos) e monetária (taxa de juros para segurar a inflação).

Embora a taxa básica tenha parado de subir em agosto do ano passado, está no nível mais alto desde o início de 2017 e os efeitos do aperto monetário são sentidos no encarecimento do crédito e desaceleração da economia.

Na ata da última reunião, em março, o órgão não descartou a possibilidade de novas elevações da taxa Selic caso o processo de desinflação não transcorra como esperado. O aumento dos gastos públicos e as incertezas fiscais também poderão fazer o Banco Central manter os juros elevados por mais tempo que o inicialmente previsto.

O documento menciona incertezas em relação ao arcabouço fiscal, que na ocasião ainda estava em elaboração pelo Ministério da Fazenda. Após a entrega do texto ao Congresso Nacional, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, fez uma avaliação “superpositiva” das novas regras que devem substituir o teto de gastos e reconheceu o “esforço” da equipe econômica do governo federal.

Campos Neto também defende as decisões técnicas da autarquia. Em declaração recente, ele disse que, mesmo não tendo cumprido por algumas vezes as metas de inflação, o Brasil segue caminho similar ao de outros países, mantendo-se “a maior parte do tempo dentro da banda”. O país registrou, segundo ele, “sete estouros em 24 anos”.

Depois de quedas nos últimos meses de 2022, as expectativas de inflação têm subido. No último boletim Focus, a estimativa de inflação para 2023 está em 6,05%.

Em março, a inflação desacelerou para todas as faixas de renda. Ainda assim, puxado pelo aumento dos preços dos combustíveis, o IPCA ficou em 0,71%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é inferior à taxa de fevereiro, de 0,84%. Em 12 meses, o indicador acumula 4,65%, abaixo de 5% pela primeira vez em dois anos.

Para abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) – que mede a prévia da inflação oficial – ficou em 0,57%. A taxa é inferior na comparação com as de março de 2023 (0,69%) e de abril de 2022 (1,73%).

Taxa Selic

A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.

A taxa Selic refere-se à taxa de juros apurada nas operações de empréstimos de um dia entre as instituições financeiras que utilizam títulos públicos federais como garantia. O BC opera no mercado de títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a meta da Selic definida na reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom).

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica. Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Entretanto, as taxas de juros do crédito não variam na mesma proporção da Selic, que é apenas uma parte do custo do crédito. Os bancos também consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Confira o histórico da taxa de juros:

Data da reunião do CopomPeríodo de vigênciaMeta da Selic % a.a.
03/05/202304/05/2023 atual13,75
22/03/202323/03/2023 – 03/05/202313,75
01/02/202302/02/2023 – 22/03/202313,75
07/12/202208/12/2022 – 01/02/202313,75
26/10/202227/10/2022 – 07/12/202213,75
21/09/202222/09/2022 – 26/10/202213,75
03/08/202204/08/2022 – 21/09/202213,75
15/06/202217/06/2022 – 03/08/202213,25
04/05/202205/05/2022 – 16/06/202212,75
16/03/202217/03/2022 – 04/05/202211,75
02/02/202203/02/2022 – 16/03/202210,75
08/12/202109/12/2021 – 02/02/20229,25
27/10/202128/10/2021 – 08/12/20217,75
22/09/202123/09/2021 – 27/10/20216,25
04/08/202105/08/2021 – 22/09/20215,25
16/06/202117/06/2021 – 04/08/20214,25
05/05/202106/05/2021 – 16/06/20213,50
17/03/202118/03/2021 – 05/05/20212,75
20/01/202121/01/2021 – 17/03/20212,00
09/12/202010/12/2020 – 20/01/20212,00
28/10/202029/10/2020 – 09/12/20202,00
16/09/202017/09/2020 – 28/10/20202,00
05/08/202006/08/2020 – 16/09/20202,00
17/06/202018/06/2020 – 05/08/20202,25
06/05/202007/05/2020 – 17/06/20203,00
18/03/202019/03/2020 – 06/05/20203,75
05/02/202006/02/2020 – 18/03/20204,25
11/12/201912/12/2019 – 05/02/20204,50
30/10/201931/10/2019 – 11/12/20195,00
18/09/201919/09/2019 – 30/10/20195,50
31/07/201901/08/2019 – 18/09/20196,00
19/06/201921/06/2019 – 31/07/20196,50
08/05/201909/05/2019 – 20/06/20196,50
20/03/201921/03/2019 – 08/05/20196,50
06/02/201907/02/2019 – 20/03/20196,50
12/12/201813/12/2018 – 06/02/20196,20
31/10/201801/11/2018 – 12/12/20186,50
19/09/201820/09/2018 – 31/10/20186,50
01/08/201802/08/2018 – 19/09/20186,50
20/06/201821/06/2018 – 01/08/20186,50
16/05/201817/05/2018 – 20/06/20186,50
21/03/201822/03/2018 – 16/05/20186,50
07/02/201808/02/2018 – 21/03/20186,75
06/12/201707/12/2017 – 07/02/20187,00
25/10/201726/10/2017 – 06/12/20177,50
06/09/201708/09/2017 – 25/10/20178,25
26/07/201727/07/2017 – 06/09/20179,25
31/05/201701/06/2017 – 26/07/201710,25
12/04/201713/04/2017 – 31/05/201711,25
22/02/201723/02/2017 – 12/04/201712,25
11/01/201712/01/2017 – 22/02/201713,00
Fonte: Banco Central

Como a Taxa Selic é definida?

O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.

Meta de inflação

Para 2023, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior é 4,75%. Para 2024 e 2025, as metas são de 3% para os dois anos, com o mesmo intervalo de tolerância.

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária reconhece que a possibilidade do estouro da meta de inflação neste ano é de 83%. No documento, a estimativa é que o IPCA atingirá 5,8% em 2023. O próximo relatório será divulgado no dia 29 de junho.

Como a taxa Selic afeta a sua vida?

A Selic é um indicador importante e afeta a vida das pessoas em diferentes maneiras. Em momentos de alta da taxa, os juros tendem a ser maiores, o que tende a reduzir os pedidos de crédito no país. O oposto também acontece: com a Selic mais baixa, o custo para pedir crédito também diminui e mais pessoas começam a fazer pedidos no mercado.

E para quem investe, alguns tipos de investimento estão atrelados à Selic, ou seja, rendem mais quando o indicador está mais alto. Em agosto de 2020, a taxa atingiu o seu menor nível histórico (2,0% ao ano). Desde então, muitos investidores começaram a rever sua estratégia para buscar opções que oferecessem melhores resultados.

Para descobrir qual é a aplicação de Renda Fixa mais adequada para a sua realidade e objetivos, você pode fazer simulações desses investimentos. Com o simulador de Renda Fixa da Toro, é possível compará-los gratuitamente e descobrir qual vai render mais, considerando a taxa Selic atual.