Explosões foram ouvidas sobre Tel Aviv e Jerusalém enquanto sirenes soavam na noite desta sexta-feira (horário local) em Israel, após o que o porta-voz militar do país disse ser o disparo de mísseis do Irã.
A agência de notícias estatal do Irã, IRNA, disse que centenas de mísseis balísticos foram lançados em retaliação aos maiores ataques já realizados por Israel contra o Irã, explodindo a enorme instalação nuclear subterrânea iraniana em Natanz e eliminando seus principais comandantes militares.
Não houve relatos imediatos de mortos ou feridos.
Israel disse que os ataques foram o início da “Operação Leão em Ascensão”. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, acusou Israel de ter iniciado os ataques e de começar uma guerra.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não era tarde demais para Teerã interromper a campanha de bombardeio e chegar a um acordo sobre seu programa nuclear.
Ao cair da noite desta sexta-feira, a mídia iraniana relatou explosões nos arredores norte e sul de Teerã e em Fordow, perto da cidade sagrada de Qom, uma segunda instalação nuclear que havia sido poupada na primeira onda de ataques.
As defesas aéreas foram ativadas em Teerã e explosões puderam ser ouvidas em Isfahan.
O Exército de Israel disse que tem como alvo locais de lançamento de mísseis e drones iranianos e que haviam atingido outra instalação nuclear em Isfahan.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que a campanha israelense tem como objetivo derrotar uma ameaça existencial do Irã, invocando o fracasso em deter o Holocausto na Segunda Guerra Mundial.
A operação de Israel “continuará por quantos dias forem necessários para eliminar essa ameaça”, disse ele em um discurso na TV.
“Daqui a algumas gerações, a história registrará que nossa geração manteve sua posição, agiu a tempo e garantiu nosso futuro comum.”
Em entrevista por telefone, Trump disse que não estava claro se o programa nuclear do Irã havia sobrevivido. Ele disse que as negociações nucleares entre Teerã e os EUA previstas para domingo ainda estavam na agenda, embora não tenha certeza se elas vão ocorrer.
“Nós sabíamos de tudo”, disse Trump sobre os planos de ataque israelense.
“Tentei salvar o Irã da humilhação e da morte. Tentei poupá-los com muito afinco, pois adoraria que um acordo tivesse sido fechado”, disse Trump. “Eles ainda podem chegar a um acordo, no entanto, não é tarde demais.”
Mais cedo, Trump postou no Truth Social: “O Irã precisa fazer um acordo, antes que não reste mais nada”.
O assessor de Segurança Nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, disse que a ação militar por si só não destruiria o programa nuclear do Irã, mas poderia “criar as condições para um acordo de longo prazo, liderado pelos Estados Unidos”.
Atmosfera
- Duas fontes regionais disseram que pelo menos 20 comandantes militares iranianos foram mortos, operação impressionante que lembra os ataques israelenses que rapidamente eliminaram a liderança da milícia Hezbollah do Líbano no ano passado. O Irã também disse que seis de seus principais cientistas nucleares foram mortos.
- Entre os generais mortos estão o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Major-General Mohammad Bagheri, e o chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami.
- O major-general Mohammad Pakpour, rapidamente promovido para substituir Salami como comandante da Guarda, prometeu retaliação em uma carta ao Líder Supremo lida na televisão estatal: “As portas do inferno se abrirão para o regime que mata crianças”.
- Os iranianos descreveram uma atmosfera de medo e raiva, com algumas pessoas correndo para trocar dinheiro e outras procurando uma maneira de deixar o país em segurança.
- “As pessoas da minha rua saíram correndo de suas casas em pânico, estávamos todos aterrorizados”, disse Marziyeh, de 39 anos, que foi acordada por uma explosão em Natanz.
- Enquanto alguns iranianos esperavam discretamente que o ataque levasse a mudanças na liderança clerical linha-dura do Irã, outros prometeram apoiar as autoridades.
- “Lutarei e morrerei por nosso direito a um programa nuclear. Israel e seus aliados norte-americanos não podem tirá-lo de nós com esses ataques”, disse Ali, membro da milícia Basij, pró-governo, em Qom.
- A mídia iraniana mostrou imagens de blocos de apartamentos destruídos e disse que cerca de 80 civis foram mortos nos ataques que tiveram como alvo cientistas nucleares em suas camas e feriram mais de 300 pessoas.
A capacidade do Irã de retaliar com armas disparadas por seus representantes regionais foi bastante reduzida no último ano, com a queda de seu aliado Bashar al-Assad na Síria e a dizimação do Hezbollah, no Líbano, e do Hamas, em Gaza.
Israel disse que um míssil disparado do Iêmen — cuja milícia Houthi é um dos últimos grupos alinhados ao Irã ainda capazes de disparar contra Israel — havia caído em Hebron, na Cisjordânia ocupada. O Crescente Vermelho Palestino disse que três crianças palestinas foram feridas por estilhaços no local.
O preço do petróleo bruto saltou devido a temores de ataques retaliatórios mais amplos em uma importante região produtora de petróleo, embora não tenha havido relatos de que a produção ou o armazenamento de petróleo tenham sido danificados. A OPEP disse que a escalada não justifica nenhuma mudança imediata no fornecimento de petróleo.
Autoridades israelenses afirmaram que pode levar algum tempo até que fique clara a extensão dos danos à instalação nuclear subterrânea de Natanz, onde o Irã refinou o urânio a níveis que países ocidentais dizem ser adequados para a confecção de uma bomba e não para uso civil.
O Irã tem insistido que seu programa nuclear é apenas para fins civis. O órgão de vigilância nuclear da ONU concluiu nesta semana que o Irã estava violando suas obrigações segundo o tratado global de não proliferação.
(Com Reuters)