Autoridades e comunidades da província de Azuay, no Equador, marcharam nesta terça-feira para exigir a suspensão de um projeto de ouro da empresa canadense DPM Metals, que, segundo eles, afetará uma reserva hídrica no país. O governo emitiu uma licença ambiental para que a empresa iniciasse a construção da mina no projeto Loma Larga, na província de Azuay, mas em agosto o Ministério da Energia suspendeu os trabalhos até que a empresa divulgasse seu plano de gestão ambiental, em meio à pressão social. As autoridades provinciais dizem que o projeto afetará a reserva Quimsacocha, que abrange mais de 3.200 hectares e inclui ecossistemas de páramo, com nascentes que formam uma das principais reservas hídricas do país. Os manifestantes marcharam pelas ruas de Cuenca, a capital da província, entoando “Quimsacocha não se toca!” e carregando cartazes com os dizeres “A água vale mais que tudo!”. “O que queremos é que o governo nacional revogue a licença ambiental”, disse o prefeito de Cuenca, Cristian Zamora, um dos líderes do protesto. Ele disse no X que mais de 90.000 pessoas foram mobilizadas. A DPM Metals não quis comentar as demandas dos manifestantes. Apesar de possuir depósitos significativos de ouro e cobre, o Equador não conseguiu avançar no desenvolvimento de seu setor de mineração devido a decisões legais e à oposição das comunidades. Atualmente, apenas duas empresas de mineração operam no país. O presidente Daniel Noboa solicitou às autoridades locais da província que comprovassem com relatórios técnicos os possíveis riscos que seriam gerados pelo avanço do projeto na área e que assumissem a responsabilidade pelas possíveis consequências em caso de suspensão do mesmo. A população de Azuay rejeitou nas urnas o desenvolvimento da mineração em seus territórios e se beneficiou de decisões judiciais para suspender o avanço de projetos em sua jurisdição. (Com Reuters)