Economia

Taxa de desemprego chega a 8,8% no 1º trimestre de 2023

Com uma taxa de desocupação de 8,8% no primeiro trimestre do ano, o desemprego registra um crescimento de 0,9 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre anterior. Esse resultado é considerado o menor para o período desde 2015, quando a taxa registrada foi de 8,0%. Isso significa que o total de desocupados cresceu 10,0%, ou seja, um aumento de 860 mil pessoas em busca de um emprego, totalizando 9,4 milhões de desempregados.

Já o total de ocupados reduziu 1,6%, menos 1,5 milhão de pessoas, ficando em 97,8 milhões. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Esse movimento de retração da ocupação e expansão da procura por trabalho é observado em todos os primeiros trimestres da pesquisa, com exceção do ano de 2022, que foi marcado pela recuperação pós-pandemia. Esse resultado do primeiro trimestre pode indicar que o mercado de trabalho está recuperando seus padrões de sazonalidade, após dois anos de movimentos atípicos”, analisa a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

O nível de ocupação, isto é, o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, atingiu 56,1%, caindo 1,0 p.p. frente ao trimestre anterior (57,2%), mas 1,0 p.p. maior que o mesmo trimestre do ano passado (55,2%). “A queda na ocupação reflete principalmente a redução dos trabalhadores sem carteira, seja no setor público ou no setor privado”, afirma Beringuy. Entre os empregados sem carteira no setor público, a queda no trimestre foi de 7,0% ou menos 207 mil pessoas. Já no setor privado, o total de empregados sem carteira assinada caiu -3,2%, ou menos 430 mil pessoas.

Outro destaque do estudo é o total de trabalhadores por conta própria com CNPJ, que registrou uma queda de 8,1% (menos 559 mil pessoas). Já o número de empregados com carteira assinada no setor privado ficou estável e a taxa de informalidade foi de 39,0% da população ocupada (ou 38,1 milhões de trabalhadores informais). No trimestre anterior a taxa foi de 38,8% e no mesmo trimestre do ano passado foi 40,1%. 

De acordo com a coordenadora do IBGE, a retração do emprego sem carteira pode ser observada em algumas atividades econômicas, como nos grupamentos da agricultura, construção e comércio que tiveram quedas de, respectivamente, 2,4% (menos 201 mil pessoas), 2,9% (menos 215 mil pessoas) e 1,5% (menos 294 mil pessoas) no total de seus trabalhadores. “Na construção, essa queda está focada no setor de edificações e tem uma característica muito sazonal”, detalha.

Ela ainda destaca as quedas no grupamento de Administração pública (-2,4% ou menos 415 mil pessoas) e nos outros serviços (-4,3% ou menos 231 mil pessoas). “O grupamento da Administração pública tem um conjunto de atividades bem heterogêneo e foi influenciado, principalmente, pelo segmento de educação fundamental e de administração pública em si”, explica.

O primeiro trimestre de 2023 registrou um contingente fora da força de trabalho de aproximadamente 67,0 milhões de pessoas, um incremento de 1,1 milhão de pessoas (1,6%) se comparado ao trimestre anterior e de 2,3% (acréscimo de 1,5 milhão de pessoas) no ano. “Esse aumento vem sendo observado há algumas divulgações. Pelas informações da pesquisa, verificamos que esse crescimento não está relacionado a um aumento da população na força de trabalho potencial ou no desalento, já que esses dois indicadores mostram estabilidade no trimestre e queda no ano”, analisa Beringuy. 

A população na força de trabalho potencial reúne as pessoas que buscaram trabalho, mas não estavam disponíveis e as pessoas que não buscaram trabalho, mas estavam disponíveis. Esse total ficou em 8,3 milhões no primeiro trimestre de 2023. Já os desalentados, que estão na força de trabalho potencial entre aqueles que não buscaram trabalho, totalizavam cerca de 4,6 milhões de pessoas.

Rendimento real habitual

O rendimento real habitual (R$ 2.880) se manteve estável quando comparado ao trimestre anterior, tendo um crescimento de 7,4% no ano. Nessa comparação, foi registrado aumento nas seguintes categorias: Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3,5%, ou mais R$ 82) e Serviços domésticos (1,9%, ou mais R$ 21). Houve redução no grupamento de Transporte, armazenagem e correio (3,8%, ou menos R$ 107).

A massa de rendimento real habitual, estimada em R$ 277,2 bilhões, também ficou estável frente ao trimestre anterior, mas cresceu 10,8% na comparação anual.