Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira,10, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostrou que o número de famílias com dívidas a vencer cresceu no mês de setembro, atingindo o patamar de 79,3%.
Além disso, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) mostrou que o número de famílias já com contas atrasadas bateu recorde, alcançando a marca histórica de 30%.
De acordo com a CNC as contratações de dívidas entre os consumidores de média e baixa renda cresceram bastante. O índice chegou em 80%, pela primeira vez, dentre as famílias mais pobres.
O número de endividados entre as famílias que recebem até 10 salários mínimos aumentou de 0,4%, chegando a 8,3% maior número da história da pesquisa, que foi criada em 2010.
Mesmo as famílias com renda superior a 10 salários mínimos não ficaram de fora das dívidas, porém seguem o número segue estabilizado em 75,9%, de acordo com a Peic.
O que considera a pesquisa
Para realizar a pesquisa foram consideradas como dívidas as contas que estão para vencer, como cartão de crédito, boletos de lojas, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.
Falando sobre inadimplência, o número de de consumidores com dívidas em atraso cresceu pelo terceiro mês seguido. Sendo que em setembro, 10,7% das famílias relataram que não tem condições de arcar com as dívidas, continuando inadimplente.
A economista Izis Ferreira, responsável pelo levantamento da CNC diz que apesar dos números terem crescido nas duas faixas de renda, é latente a dificuldade de arcar com todos os compromissos financeiros do mês para as que possuem menos dinheiro.
Os consumidores enfrentam desafios na gestão de seus orçamentos mensais, especialmente porque o nível de endividamento está elevado e os juros maiores pioram as despesas com as dívidas
Izis Ferreira, economista
Taxas de juros cada vez maiores
A pesquisa mostrou que as taxas de juros na linha de empréstimo pessoal cresceram 13,5 pontos percentuais em um ano. O número de 53,9% é a maior taxa desde abril de 2018, segundo o Banco Central.
Já para os endividados com cartão de crédito, o aumento na taxa de juros para o setor foi de apenas 1 ponto percentual no ano. Em setembro 85,6% dos consumidores tinham dívidas dessa categoria.
Outra taxa de juros que cresceu foi a de carnê de lojas, que teve 19,4% das menções e subiu 0,6 pontos percentuais em um ano. Contudo, apesar do crescimento não parecer significativo, Ferreira explica que essa modalidade pode ser mais perigosa do que se imagina.
“Quando se olha o filme dos últimos cinco anos, o avanço do crédito operado pelo varejo tem resultado no maior volume de endividados de forma geral no Brasil”, finaliza a economista.