As discussões em torno dos juros dos cartões de crédito são sempre uma grande “novela”. O Brasil tem, hoje, uma das mais altas taxas do mundo e muito se fala em conseguir criar novas regras, porém, pouco é desenvolvido ao longo do tempo.
Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo – FecomercioSP, a eventual regulamentação das taxas do rotativo e o parcelamento sem juros são assuntos completamente diferentes, e, por isso, não devem ser misturado.
Para a entidade, o debate não tem porquê ser relacionado com a elevada inadimplência e o endividamento com o parcelamento sem juros, já que o problema está nas altas taxas do crédito rotativo.
Dados
De acordo com os dados da Federação Brasileira de Bancos – Febraban, a taxa de inadimplência do rotativo é de 49%, sendo que os juros cobrados nessa modalidade se aproximam dos 440% ao ano.
Já o parcelado sem juros conta com 9,9% de inadimplência. Ou seja, isso deixa claro a influência das taxas associadas ao rotativo e como a didática poderia significar uma economia relevante para os consumidores.
Vale lembrar que, assim como aconteceu com o modelo do cheque especial, o estabelecimento de um limite é uma das alternativas para enfrentar a inadimplência e o endividamento. No entanto, isso deverá ser tratado entre Banco Central e as instituições financeiras interessadas.
Também é necessário estimular a competição entre os atuantes no mercado de crédito e gerir novas estratégias para melhorar o Open Finance.
A FecomercioSP indica que investir em medidas de educação financeira para a população é algo tão importante quanto todos os demais recursos aplicados, pois somente assim será possível ter êxito no processo.
A instituição ainda garante que “nos setores do Comércio, dos Serviços e do Turismo, o parcelamento sem juros é uma estratégia fundamental para atrair consumidores, impulsionar vendas e manter um posicionamento competitivo, trazendo impactos positivos para a economia, além de promover inclusões financeira e social”.
Essa ideia vem de encontro com os números apresentados pela CNC (Confederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), que indica que 47% dos estabelecimentos de varejo dependem significativamente das vendas parceladas, o que soma aproximadamente R$ 1,493 bilhão em termos de faturamento médio anual.
Outro importante dado, desta vez da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços, aponta que as transações via cartões de crédito atingiram R$ 2,15 trilhões em 2022, uma alta de 32,8% em comparação ao período anterior. O destaque fica por conta do valor atribuível ao parcelamento sem juros, que atinge quase metade das transações.
Tais estatísticas esclarecem a relevância do produto dentro do sistema econômico brasileiro. Inclusive, o parcelamento sem juros não significa uma transação gratuita ao consumidor, pois os custos geralmente são absorvidos pelo lojista, que paga a diferença referente ao risco.
Apesar dos custos associados, essa modalidade beneficia tanto consumidores quanto comerciantes.
Com isso, a FecomercioSP defende que é necessário ser adotada a livre-iniciativa entre as partes no mercado, sem qualquer intervenção, com o intuito de enfrentar os desafios dos juros no rotativo. Isso porque, os grandes bancos ainda dominam o setor e a ideia é promover maior competição no mercado de crédito, encorajando novos agentes.