O Ibovespa encerrou o dia em alta, atingindo novos recordes históricos, superando os 164 mil pontos. Esse movimento foi impulsionado por apostas de redução da Selic no início de 2026, em um contexto que também considera a continuidade do alívio monetário nos Estados Unidos.
O principal índice do mercado acionário brasileiro avançou 1,67%, fechando a 164.455,61 pontos, um novo recorde de fechamento. Durante o dia, o índice chegou a 164.550,77 pontos, seu novo pico intradiário, e atingiu a mínima de 161.759,12 pontos. O volume financeiro do pregão totalizou R$31,1 bilhões.
A bolsa de valores abriu com a notícia de que o PIB brasileiro cresceu 0,1% entre julho e setembro em comparação com os três meses anteriores, o resultado mais fraco desde a retração de 0,1% nos últimos três meses de 2024. Economistas esperavam um crescimento de 0,2%.
Segundo a economista-chefe da InvestSmart XP, Mônica Araújo, os números indicam que a política monetária restritiva está afetando o crescimento doméstico, embora de forma mais lenta do que o esperado pelo Banco Central.
“É importante destacar que esse dado, junto com outros que mostram alguma desaceleração da demanda doméstica, configura um cenário estrutural que pode permitir que, a partir de março de 2026, seja possível iniciar o processo de flexibilização da taxa Selic pelo comitê de política monetária”, afirmou.
Na curva de juros, as apostas indicavam uma probabilidade de mais de 80% de o BC reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual em janeiro. No final da quarta-feira, essa probabilidade era de 78%. A pesquisa Focus vem mostrando há semanas uma previsão de Selic a 14,75% em janeiro, ante os 15% ao ano atuais.
As expectativas em torno da Selic se somam a outros fatores que têm sustentado o fôlego da bolsa paulista e renovado recordes do Ibovespa, com destaque para a perspectiva de que o Federal Reserve continuará reduzindo os juros na maior economia do mundo.
No final da tarde, de acordo com a ferramenta FedWatch, da CME, operadores precificavam 87% de chance de corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros pelo Fed na próxima semana, contra 13% de chances de manutenção na faixa de 3,75% a 4,00%.
Estrategistas também têm mencionado uma realocação global de ativos, que se traduz na bolsa paulista em um saldo de capital externo positivo de cerca de R$27,7 bilhões no ano. Nos dois primeiros pregões de dezembro, houve entrada líquida de R$311 milhões, após um saldo positivo de mais de R$2 bilhões em novembro.
Com a reforma do Imposto de Renda entrando em vigor no próximo ano, empresas têm antecipado anúncios sobre pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio, em mais um suporte para o “rali” de final de ano na bolsa paulista. Em quatro pregões, o Ibovespa já subiu mais de 3% em dezembro.
De acordo com o especialista em renda variável da Manchester Investimentos, Rubens Cittadin Neto, a bolsa continua impulsionada pelas apostas de queda de juros nos EUA, enquanto no Brasil, a previsão para janeiro ganha força. Além disso, ainda há empresas pagando dividendos maiores para evitar a tributação.
Destaques do Pregão
- ITAÚ UNIBANCO PN subiu 2,46%, em um pregão positivo para o setor, com BRADESCO PN avançando 1,42%, SANTANDER BRASIL UNIT valorizando-se 1,02%, BANCO DO BRASIL ON ganhando 1,74% e BTG PACTUAL UNIT subindo 1,5%.
- VALE ON teve alta de 1,74%, na quinta alta consecutiva, com analistas reforçando a recomendação de compra para a ação nos últimos dias.
- PETROBRAS PN subiu 0,65%, em dia de alta do petróleo no exterior. A estatal e a Shell arremataram juntas, sem concorrência, duas das três áreas ofertadas em leilão inédito de participações da União em blocos em produção no pré-sal.
- LOCALIZA ON avançou 5,04%, impulsionada pelo alívio nas taxas dos DIs após os dados do PIB, o que também sustentou outros papéis sensíveis a juros, como NATURA ON, que subiu 3,93%.
- REDE D’OR ON valorizou-se 3,51%, referendada por relatório de analistas do Safra, que elevaram a recomendação da ação para “outperform”.
- AMBEV ON recuou 1,41%. No início da semana, dados do IBGE mostraram queda de 1,3% na produção de bebidas alcoólicas em outubro em comparação com o mesmo mês de 2024.
Cotações do Último Pregão
Dólar e Ibovespa
- Ibovespa: Abertura: 161.759,78 pontos, Fechamento: 164.455,61 pontos, Variação: 1,67%
- Dólar: Abertura: R$5,3042, Fechamento: R$5,2952, Variação: -0,17%
Maiores Altas
- CURY3: Abertura: R$36,36, Fechamento: R$38,65, Variação: 6,30%
- TOTS3: Abertura: R$44,87, Fechamento: R$47,54, Variação: 5,95%
- HAPV3: Abertura: R$14,75, Fechamento: R$15,55, Variação: 5,42%
- RENT3: Abertura: R$47,71, Fechamento: R$49,60, Variação: 3,96%
- MBRF3: Abertura: R$19,36, Fechamento: R$20,06, Variação: 3,62%
Maiores Baixas
- BRKM5: Abertura: R$8,20, Fechamento: R$7,82, Variação: -4,63%
- LREN3: Abertura: R$15,60, Fechamento: R$15,04, Variação: -3,59%
- EMBJ3: Abertura: R$86,73, Fechamento: R$84,79, Variação: -2,24%
- MRVE3: Abertura: R$9,41, Fechamento: R$9,23, Variação: -1,91%
- ABEV3: Abertura: R$14,18, Fechamento: R$13,95, Variação: -1,62%
(Com Reuters)