A Rússia não fará grandes concessões em um plano de paz para a Ucrânia, disse um diplomata russo sênior na quarta-feira, depois que uma gravação vazada de uma ligação envolvendo o enviado dos EUA Steve Witkoff mostrou que ele havia aconselhado Moscou sobre como se apresentar a Donald Trump.
Witkoff deve viajar a Moscou na próxima semana com outras autoridades graduadas dos EUA para conversar com líderes russos sobre um possível plano para acabar com a guerra de quase quatro anos na Ucrânia, a mais mortal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse na terça-feira que estava pronto para avançar com a estrutura apoiada pelos EUA para acabar com a guerra e para discutir pontos controversos com o presidente dos EUA em conversas que, segundo ele, deveriam incluir aliados europeus.
Kiev e seus aliados europeus estão preocupados que detalhes do plano que vazaram na semana passada mostram que ele se curva às principais demandas russas — barrando a entrada da Ucrânia na Otan, consagrando o controle russo de um quinto da Ucrânia e limitando o tamanho do Exército ucraniano.
Mais tarde, Trump disse que progresso estava sendo feito e que Moscou estava fazendo concessões, embora a guerra — na qual as forças russas vêm avançando — só se movesse “em uma direção”.
Mas, ao mesmo tempo em que saudou os esforços do governo Trump, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou a repórteres em Moscou na quarta-feira: “Não pode haver nenhuma questão de concessões ou qualquer rendição de nossas abordagens a esses pontos-chave”.
Vazamento de Transcrição da Ligação Witkoff-Ushakov
Moscou também levantou preocupações sobre o vazamento para a Bloomberg News da transcrição de uma ligação entre Witkoff e o assessor de política externa de Putin, Yuri Ushakov, na qual o enviado dos EUA aconselhou Ushakov sobre como apresentar um plano de paz a Trump.
Trump, no Air Force One, ignorou a pergunta de um repórter sobre o motivo pelo qual Witkoff parecia estar treinando as autoridades russas, dizendo que era simplesmente “o que um negociador faz” e “uma forma muito comum de negociação”.
Mas a Rússia disse que o vazamento foi uma tentativa inaceitável de minar os esforços de paz e que se tratava de uma guerra híbrida.
Ushakov afirmou ter usado o WhatsApp para falar com Witkoff em várias ocasiões e o jornal russo Kommersant, que entrevistou Ushakov, publicou uma matéria com o título: “Quem armou para Steve Witkoff?”
A Bloomberg noticiou que havia analisado uma gravação da ligação. Não ficou claro como a Bloomberg obteve a gravação da conversa. Um porta-voz da Bloomberg News disse: “Mantemos nossa reportagem.”
(Com Reuters)