Os rendimentos dos títulos da zona do euro caíam nesta quarta-feira e os investidores reduziam suas apostas em futuros aumentos das taxas de juros pelo Banco Central Europeu, já que o impacto dos recentes comentários “hawkish” de Isabel Schnabel, membro do Conselho do BCE, se dissipava antes da reunião de política monetária de quinta-feira.
Os custos dos empréstimos aumentaram no início da semana passada depois que Schnabel disse que o próximo movimento do BCE poderia ser um aumento das taxas de juros, em vez de um corte como alguns ainda esperavam.
Os operadores deixaram de precificar um corte em meados de 2026 e se posicionaram para um aumento no início de 2027, já que os comentários de Schnabel se alinharam a dados que apontam para uma economia resiliente na zona do euro e expectativas de que o aumento dos gastos fiscais alemães apoiará o crescimento a partir do final de 2026.
Entretanto, analistas advertiram que a postura de Schnabel pode não refletir a visão mais ampla do BCE, alertando que um euro forte e políticas comerciais agressivas da China podem injetar um impulso deflacionário na economia da zona do euro e levar o banco central a uma postura mais “dovish”.
Os mercados monetários precificavam uma probabilidade de cerca de 15% de um movimento de aperto até dezembro de 2026 e uma chance de 35% até março de 2027, ante mais de 50% na semana passada. A taxa de depósito do BCE está atualmente em 2%.
“É difícil entender os comentários de Schnabel, a menos que eles tenham a intenção de minar a base daqueles que querem manter vivo o debate sobre possíveis cortes nos juros”, disse Bruno Cavalier, economista-chefe da Oddo.
“As novas projeções preparadas pela equipe do BCE para a reunião de 18 de dezembro certamente não descreverão uma economia europeia à beira do superaquecimento”, acrescentou.
Os rendimentos do Schatz alemão de 2 anos, mais sensível às expectativas para as taxas de juros, caíam 1,5 ponto-base, para 2,123%, o nível mais baixo desde 8 de dezembro.
Os rendimentos de 10 anos da Alemanha, referencial da zona do euro, recuavam 0,5 ponto, para 2,84%, depois de atingir seu nível mais baixo desde 8 de dezembro, em 2,826%. Eles chegaram a 2,894% na semana passada, seu nível mais alto desde meados de março.
O Banco da Inglaterra também estará em foco na quinta-feira, enquanto o Banco do Japão anunciará suas decisões na sexta-feira.
(Com Reuters)
